A reunião teve objetivo de discutir ações emergenciais para os vales do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha em decorrência do atraso do período de chuvas que tem prejudicado os produtores rurais das regiões afetadas.

A atividade rural é conduzida pelas variações climáticas, o que oferece grandes riscos para os produtores. Em 2023 o clima está sendo impactado em função do fenômeno El Niño – ele determina as mudanças nos padrões das chuvas. Além disso, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso. As características do El Niño podem ser observadas claramente nos Vales do Rio Doce, Jequitinhonha e Mucuri onde as chuvas atrasaram de forma significativa, dando ‘dor de cabeça’ para os produtores rurais.

Quando regulares, geralmente as chuvas chegam no mês de outubro e são distribuídas até o início do mês de março. Tal periodicidade proporciona aos produtores seguirem o cronograma de plantio das safras de milho e demais cultivares para a alimentação do rebanho. Os produtores que plantaram suas lavouras contando com as chuvas de outubro/2023 tiveram prejuízos consideráveis. Aqueles que esperavam as chuvas dos meses de novembro e dezembro/2023 e replantaram suas lavouras tiveram perdas dobradas, sendo assim os produtores rurais estão amargando em prejuízos, sofrendo com a falta de alimentação para o rebanho e com os preços nas alturas dos insumos para a manutenção da atividade.

Após uma breve explanação do árduo cenário enfrentados pelos produtores rurais é possível perceber que ações imediatas precisam ser tomadas. Nesse sentido a diretoria executiva da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce desde o dia 11/12 tem mobilizado as esferas municipais, estaduais e federais em busca de alternativas que viabilizem a atividade rural.

A primeira ação foi acionar e mobilizar a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) devido as dificuldades enfrentadas pelos produtores nesse cenário. A instituição prontamente atendeu e produziu o Relatório da Estiagem do Leste de Minas, compilado que relata um levantamento feito de 14 a 18 de dezembro de 2023 sobre a situação da safra e pecuária nos municípios em que atua.

Em seguida na sexta-feira (15/12), a diretoria executiva da Cooperativa teve a oportunidade de conversar pessoalmente, em sua sede arrendada, com o Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar – (MDA), Paulo Teixeira. Na oportunidade o diretor-presidente da Cooperativa, João Marques, encaminhou um ofício solicitando a inclusão do médio Rio Doce no programa especial de atendimento, em virtude das secas severas que assolam os Vales do Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha. Além disso, foi apresentado o Programa de Desenvolvimento Rural em busca de melhorias para a atividade. O ministro ouviu atentamente todas as reivindicações e afirmou ter conhecimento de cada uma delas. Paulo Teixeira assegurou que abrirá agenda nos próximos dias para debater as pautas apresentadas durante a reunião em busca de alternativas viáveis para a manutenção das atividades rurais.

Prosseguindo com as ações em defesa dos interesses dos produtores rurais o diretor-presidente da Cooperativa articulou uma reunião com o prefeito municipal de Governador Valadares, André Merlo, na terça-feira (19). A pauta do encontro foi estudar a possibilidade de elaborar um decreto de emergência ou calamidade pública, a fim de tomar providências que auxiliem os produtores no campo em virtude da falta d’água e alimentação para os rebanhos. O prefeito imediatamente convidou a Emater Governador Valadares e o secretário de agricultura, Ivan Fialho, para execução de ações que apresentem alternativas viáveis nesse sentido.

Em meio aos trabalhos executados, até o momento obtivemos o seguinte retorno do prefeito municipal: “Diante da delicada situação da falta de chuvas na nossa região, estamos elaborando um decreto de calamidade pública reconhecendo o impacto dessa instabilidade climática na produção rural. Perdemos muito na produção por conta desta seca prolongada, e esse decreto vai ajudar os produtores rurais a enfrentar este momento. Além disso, vamos trabalhar junto aos nossos deputados estaduais e federais em prol de uma linha de crédito de socorro para os produtores, pois reconhecemos a importância que o agro tem para todos nós”, destacou André Merlo.

A diretoria executiva da Cooperativa contactou também deputados estaduais solicitando apoio para conseguir uma agenda em caráter de urgência com o secretário de agricultura, pecuária e abastecimento de Minas Gerais, Thales Almeida, e o secretário da fazenda de Minas Gerais, Gustavo Barbosa. O deputado José Laviola Neto viabilizou os encontros, na última quarta-feira (20), na sede da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais – (Seapa), nos quais a diretoria executiva foi muito bem recebida, e apresentou o pleito sobre as dificuldades impostas aos produtores rurais. O deputado estadual José Laviola esteve presente nas reuniões juntamente com o superintendente do desenvolvimento agropecuário da Seapa, João Denilson e a assessora da vice-governadoria, Celise Laviola. O encontro foi bastante proveitoso, uma vez que eles já conheciam sobre o assunto em função do relatório elaborado pela Emater- GV. Na oportunidade foi assegurado que eles estão encaminhando o assunto para os seus pares do Governo Estadual, no sentido de analisar o tema e viabilizar o atendimento adequado neste momento crítico aos produtores rurais de Minas Gerais, principalmente do Leste de Minas.

O momento também oportunizou a discussão de outras temáticas muito importantes para o desenvolvimento da pecuária leiteira. Por meio do apoio do Governo Estadual será possível desenvolver ações que garantem a permanência do produtor no campo, elevação de produtividade e promoção de qualidade de vida.

O diretor-presidente da Cooperativa explica que “A Cooperativa tem muitas funções dentro da sociedade em que está inserida, dentre elas é representar e defender os interesses dos produtores rurais. Nós enquanto representantes de 1.100 cooperados produtores de leite temos a obrigação de articular e viabilizar ações que acionem os governos municipais, estaduais e federais para dar suporte em momentos críticos como este. Nossos produtores estão lutando com todas as forças para romper essa seca severa que está assolando a nossa região. Muitos estão desesperados, pois já não têm comida para fornecer ao gado. Sem falar que está faltando o insumo básico para a atividade leiteira, a água. Imagina você ver todo o seu trabalho, esforço e dedicação irem abaixo por falta de coisas que são essenciais em uma fazenda: água e comida.

Sem contar que para alimentar o gado muitos produtores estão tendo que adquirir insumos como silagem a preços exorbitantes. Aqueles que têm um fluxo de caixa mais organizado podem até conseguir, mas o pequeno produtor não consegue absorver esse custo. Nós estamos lutando pela maioria do nosso quadro, cerca de 70% são pequenos produtores de leite que estão sofrendo de forma significativa. Além disso, precisamos mensurar os impactos desta seca no mercado no próximo ano. As plantações do mês de outubro, novembro e dezembro de 2023 são para produzir alimento para o gado para 2024. Nós temos um agravante que chama ciclo da planta: mesmo se chover agora, as lavouras de milho, sorgo e outras culturas estão comprometidas, visto que as chuvas precisam acontecer no tempo certo para que o clico de desenvolvimento da planta ocorra 100% e ela desenvolva e produza. Como muitos produtores tiveram perdas nas plantações, se tudo que eles plantaram morreu com o calor intenso, o cenário do ano que vem será ainda mais desafiador.” explica, João Marques.