Em se tratando de nutrição animal, um bom planejamento para a produção e o armazenamento de volumosos no período seco é fundamental para a manutenção do gado leiteiro. Isso porque, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o estado de Minas Gerais possui dois ciclos climáticos bem definidos, sendo o “período das águas”, onde há volume de chuvas e temperaturas propícias para o bom desenvolvimento de forrageiras, e o “período seco”, com baixas temperaturas e pouca umidade – o que diminui o desenvolvimento das forragens em, aproximadamente, 80%.

Entretanto, além de se preocupar com a forragem, o produtor precisa estar sempre atento às condições do pasto, que deve ser bem preparado e manejado de forma correta para o período da seca. De acordo com especialistas, as regiões tropicais contam com a vantagem de se trabalhar com espécies muito eficientes no processo de fotossíntese e com elevado potencial de acúmulo de biomassa, e que, se bem manejadas, podem suprir nutrientes para a produção de leite diária sem a suplementação por rações concentradas.

Neste sentido, a cana-de-açúcar é uma excelente alternativa para o período mais seco, uma vez que proporciona uma alta produção de sacarose por hectare, além de se tratar de um volumoso mais barato por quilograma de massa. Em outras palavras, a utilização deste tipo de silagem é bastante benéfica para o rebanho devido ao seu grande potencial de produção de matéria seca em períodos menos chuvosos, tornando-se essencial para a nutrição animal. Contudo, é preciso se levar em consideração que um sistema eficiente de produção de volumosos de cana e de pasto está intrinsecamente relacionado a uma adubação adequada e ao manejo de corte do canavial na época correta.

Uma segunda opção de suplementação durante o período seco é a mistura de cana-de-açúcar com ureia, considerada uma importante fonte de energia e também proteína para o gado. Os produtores costumam lançar mão deste recurso quando as capineiras estão com qualidade reduzida e a cana apresenta um alto teor de açúcar e baixa porcentagem de proteína (cerca de 2%). Neste sentido, a ureia se torna a fonte de proteína mais viável, fornecendo mais do que a quantidade recomendada diariamente para a dieta bovina.

De todo modo, os especialistas alertam que, por mais que o uso desta mistura na alimentação bovina se mostre benéfico e eficiente, o mesmo exige cuidado, tanto em relação à dosagem recomendada quanto pela adaptação dos animais, para que casos de intoxicação sejam evitados. O ideal é que seja utilizado apenas um quilo de ureia para cada cem quilos de cana-de-açúcar, e o produto deve ser diluído em quatro litros de água. Também se recomenda não utilizar a ureia pura para a mistura: para cada nove quilos, deve-se adicionar um quilo de sulfato de amônia.

A solução é a mais utilizada pelos produtores da região do Vale do Rio Doce nos períodos de chuvas escassas, e a recomendação de consumo da mistura pelo rebanho é de vinte e cinco quilos de material verde por animal / dia, o que corresponde a cerca de 50% da sua necessidade alimentar diária a depender da disponibilidade de pasto.